Descobrindo o vinho brasileiro – Bettú

Essa com certeza, foi uma das visitas mais inusitadas à Serra Gaúcha. Primeiro porque eu estava ansioso para conhecer o tal Bettú, vinhateiro de poucas garrafas e muita fama. Segundo pelo horário – quem normalmente vai a uma degustação à meia-noite?

Depois de um longo e intenso dia participando do Workshop de Midias Sociais, fomos jantar no Cantamaria. Em paralelo, tantávamos negociar com o pessoal do Ibravin uma visita ao Bettú. Por fim ele acabou concordando, mas tinha que ser depois do jantar. Degustação na madrugada? Tô dentro!

Saímos então com o pessoal do Ibravin e mais 6 blogueiros com seus iPhones, câmeras e tudo mais rumo ao Bettú. Logo na chegada percebi que não havia sinal de celular, dados, nada! Com as câmeras na mão descemos do ônibus e encontramos o homem. Um senhor de média estatura, olhos azuis e aquele rosto bonachão. Nos recebeu com muita simpatia e logo soltou: “Devo ter feito alguma coisa certa, para vocês se darem ao trabalho de virem degustar meus vinhos a essa hora!”.

Nos levou então para conhecer o local onde produz seus vinhos. Um lugar pequeno, apertado, quase uma garagem, onde se amontoam tanques de inox, barricas e garrafas, além garrafões cheios de vinho. Logo ao lado uma sala de degustação com duas mesas dispostas em formato de V, onde cabem apenas 12 pessoas.

Nesta mesma sala, há uma grande porta de madeira, que Bettú gentilmente resolveu abrir, percebendo nossos olhares curiosos. Atrás da porta, mais corredores apertados, onde se passa apenas um por vez, encontramos uma cave com muitas garrafas empoeiradas e objetos antigos. Passamos alguns minutos lá com Bettú mostrando suas raridades.

Voltamos então para a sala de degustação, onde provamos 6 de seus vinhos:

  • Espumante – ótimo, mas ele não vende.
  • Gewurztraminer – aromas modestos, ligeiro na boca e final com leve amargor.
  • Rosé de merlot – bom rosé, mais no estilo velho mundo e nada óbvio.
  • Corte Bordalês C 2001 –  um vinho evoluído de cor granada, mas que não me chamou tanta a atenção. gostaria de provar com mais calma um dia. um bom vinho, mas nada de espetacular.
  • Tannat 2003/2004 – esse sim, um espetáculo. ainda jovem, ótima estrutura e toda a tipicidade do tannat no nariz. vale a pena.
  • Malvasia de Candia Licoroso – Gostei muito. Linda cor dourada, volumoso na boca e mesmo com 20% de álcool, não aparece.

Durante a degustação, conversamos muito com o Bettú, falando de seus vinhos, dos preços, da qualidade e dos processos de produção. Ele é um cara sincero, sem filtro, que você é capaz de ficar horas papeando, falando de vinho e da vida.  No vídeo abaixo, você pode assistir alguns trechos dessa inusitada e histórica degustação. Antes de julgar Bettú, assista.

 

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