Na última vez que estive no Chile visitando vinhedos a convite da Vinícola Ventisquero, pude literalmente botar a mão na massa. Entre os roteiros preparados, fomos visitar os vinhedos da empresa no Vale de Apalta, região onde 90% da produção é de vinhos tintos e de lá saem alguns dos grandes ícones chilenos.
Depois de uma longa e íngreme subida, à bordo da carroceria de um caminhão que mais parecia um tanque de guerra, chegamos ao nosso destino, um grande vinhedo que fica a 480 mt acima do nível do mar.
Um lindo e enorme vinhedo com muita cabernet sauvignon, syrah entre outras uvas. Parreiras carregadas de frutos prontos para serem colhidos.
Assim que descemos do caminhão, o enólogo Felipe Tosso depois de uma breve explicação sobre a região a suas influências de clima e solo no vinho, colocou todo mundo para trabalhar.
A tarefa era simples e direta: colher o máximo que conseguíssemos de cabernet sauvignon para serem usadas no próximo varietal da linha Grey.
Muito animado como todo bom estagiário, coloquei meu avental, chapéu e as luvas que forneceram para me proteger. Por último, me deram uma tesoura especial para o desbaste e remoção dos cachos. Todo paramentado, fui para debaixo das parreiras colher os gordos cachos de cabernet sauvignon e, entre um e outro, experimentava a uva, já levemente adocicada, madura, pronta para ser vinificada.
A paisagem era lindíssima. Fileiras e mais fileiras de parreiras que íam até a linha do horizonte. Uma imagem que ao mesmo preocupa pela grandiosidade e pelo enorme trabalho par cuidar de tudo aquilo, alivia com tanta beleza.
E planta por planta eu desbravava as folhas, achando o cacho, cortando e colocando-o na caixa para o transporte. Nos primeiros 15 minutos foi bem rápido e achei até fácil, mas depois o peso dessa nossa vida sedentária começou a aparecer. Esse tipo de trabalho não tem a ver com força, mas com resistência. O Sol que não dava trégua também ajudava a minar minha resistência. Por fim, enchi minha caixa e caminhei orgulhoso com ela até o lugar em que nosso chefe determinou.
Depois da caixa entregue eu e o Mauricio Tagliari, companheiro dessa viagem, nos animamos e resolvemos encher mais uma. Foi bem mais rápido e divertido colher as uvas enquanto conversávamos. Com a caixa devidamente cheia, eu e ele seguramos um em cada lado e deixamos nossa última colaboração no local combinado.
Como pagamento pela nossa dedicação, Felipe nos presenteou com uma degustação alí mesmo nos meio das parreiras, para explicar a diferença que faz o tipo de solo no vinho. Mas esse é assunto para outro post.
A lição que fica desse dia, foi ver de perto e na prática o trabalho enorme que se tem para se obter grandes resultados. Os grandes vinhos, assim com os grandes feitos na vida, são frutos de muito trabalho e principalmente da resistência às adversidades.
Simplesmente fantástico, meu amigo.
Parabéns pelo post e, sobretudo, pela oportunidade de viver uma experiência dessas.
Um forte abraço.
Cello Carneiro
Grande Marcelo!
Obrigado por acompanhar e comentar.
abs!
Ale