FVLVIA Pinot Noir 2009 e algumas divagações sobre o vinho brasileiro

A idéia inicial desse post era falar apenas sobre o FVLVIA Pinot Noir, mas como minha mente é tagarela, resolvi compartilhar aqui algumas linhas, sobre minhas impressões gerais sobre o vinho brasileiro e o que vi por lá na última viagem que fiz à Serra Gaúcha em junho de 2011. (sim, faz tempo)

Antes de mais nada, quero deixar claro não quero aqui fazer aqui uma inquisição ao vinho brasileiro, muito pelo contrário. Especificamente das vinícolas que visitei, a principal conclusão que tirei é que tem muita gente séria trabalhando para que se faça um vinho melhor no Brasil, e vale lembrar que vinícolas são empresas, porque ainda tem muita gente por aí que confunde vinícolas com templos sagrados, onde nenhum dogma pode ser questionado.

Vale lembrar também, apesar de ser óbvio, que o enólogo é um profissional como qualquer outro e o vinho engarrafado é a conclusão do trabalho desse profissional. Se o enólogo também é o dono da vinícola, ele é um empresário e como todo empresário, além da paixão pelo negócio, visa lucro e ponto final.

Muita tecnologia, muita consultoria e conhecimento está sendo empregada no campo e dentro das caves, para que nós possamos consumir um vinho, no mínimo, correto. Experimentei muito vinho correto, vários bons e alguns realmente ótimos. O importante mesmo é que ano a ano, o vinho brasileiro tem melhorado muito, mas nunca é demais repetir: o vinho brasileiro precisa de tempo.

Mas voltando ao tema principal desse post, gostaria de comentar minhas impressões sobre o FVLVIA Pinot Noir 2009, feito por Marco Danielle. Esse vinho consegui pelas mãos do meu caro amigo Guilherme Lopes Mair, que me presenteou com aquela alegria generosa de sempre dos amigos enófilos.

Como tenho lido repetidamente elogios rasgados a este pinot noir, logicamente fiquei curioso (e desconfiado), então resolvi compartilhá-lo com outros amigos apreciadores e até mais experientes que eu, para que pudéssemos fazer uma análise um pouco mais cuidadosa do tal vinho, sem afetações ou comparações.

Pois bem, taças servidas, notei uma cor rubi intensa com traços de evolução. No nariz é interessante, tem boa tipicidade, com aromas de couro, terra molhada e a fruta vermelha fresca em segundo plano. Já na boca decepcionou. Acidez média, sem expressão e intensidade de sabores, um pouco verde ainda, além de um leve amargor no final. De forma geral, a impressão de todos foi a mesma.

Toda vez que bebo um vinho só ou compartilhado com amigos, independente do valor pago por ele, sempre penso na equação “preço x prazer proporcionado”. Se um vinho custa R$ 30,00 e ele entregar ao consumidor a qualidade de R$ 30,00, acho justo. Se custar R$ 1.000,00 e entregar uma verdadeira viagem sensorial ao consumidor, também valeu o show. Cada produto dentro de sua proposta e posicionamento.

O FVLVIA Pinot Noir 2009 custa, na vinícola, R$ 120,00.

7 comentários em “FVLVIA Pinot Noir 2009 e algumas divagações sobre o vinho brasileiro”

  1. Respeito o disgosto!
    Discordo da ancoragem técnica!
    Trata-se de um vinho de expressão sim. Expressão, utilizada sem definição, é uma palavra sem tradução, quase covarde. Defino expressão como veracidade entre a proposta do produtor e as características sensorias que o produto proporciona. A proposta do Atelier é clara: pinot noir ao estilo mais orgânico possível que esta cepa pode manifestar a milhares de kilômetros de seu ventre: a Borgonha rústica e preservada.
    Lembro, a Pinot Noir está fora das 5 uvas de vinificação tinta mais consumida pelos brasileiros. Ressalto também que o Brasil carece de bons rótulos, e os mais comercializados são “parkerizados”. Tirem suas conclusões a respeito dos críticos “conhecedores” de Pinot no Brasil.

    Dito. Garanto que a expressão condiz com a proposta. Nos Pampas, através do Atelier Tormentas se produz o mais autêntico Pinto Noir da escola Lapierre.

    O Fulvia 2011 está explêndido, Loire RioGrandense.

    Att,
    Sylvio Reis
    Porto Alegre

  2. Alexandre,
    Que vinhos brasileiros realmente ótimos que vc menciona no texto são esses?
    Mencione alguns rótulos por favor.
    Abraço!

    1. Oi Felipe…

      Por enquanto, não quero mencionar mais nada sobre vinhos brasileiros.

      O momento é difícil. Espero que entenda.

      abs!
      Alexandre

  3. Alexandre,
    beleza de texto.
    Quanto ao vinho, acredito que não vale os $120 e não gostei dele. Pra se ter ideia não bebemos a garrafa toda.
    Saúde!

  4. Olha, vou degustar esse rótulo assim que tiver oportunidade, ou melhor, vou criar essa oportunidade, ainda mais depois de ter lido por aí a opinião do músico Ed Mota, opinião a meu ver respeitável, diante do bom gosto musical que ele tem acho com os vinhos não pode ser diferente, é tudo arte!!! em harmonia 😀

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